quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Elsa Almeida em entrevista à Bússola



Elsa Almeida dá a cara pela MeZcla, um dos principais espetáculos de animação da edição 2012 da Viagem Medieval e sentou-se com a Bússola para nos explicar melhor o conceito do espetáculo, que desenvolveu em conjunto com o Ricardo Ferreira.


Fala-nos de ti. Da tua formação e daquilo que fizeste antes da MeZcla.
«Terminei o curso de Teatro há 3 anos, portanto em 2009, e logo aí fui fazer a Terra dos Sonhos. Nesse ano, estive no Armazém das Cartas.
Depois, já em 2010, a convite do Paulo Leite, fui assistente de encenação do teatro amador no CIRAC e no Fórum de Mosteirô. Em 2010, fui responsável pelo Fórum na recriação medieval de Canelas (Régua) e na Viagem Medieval, em parceria com a Margarida Carretas, assumi a responsabilidade da Mancebia. Em paralelo, estive com o CIRAC no Sítio dos Tormentos, onde continuei como assistente de encenação até Dezembro desse ano. Mas já em 2011 acabei por sair da encenação do CIRAC, mas ainda dei uma ajudinha como atriz.
Entretanto, concorri para dar aulas de Expressão dramática, mas fui continuando com outros projetos. Em 2011 estive fora da Viagem Medieval, mas voltei à Terra dos Sonhos com o Conta-me Histórias do Zoo de Lourosa, local onde estou a fazer a Visita Sensações.
Por último, fiz com o Ricardo Ferreira a encenação da MeZcla, para o CIRAC.»

Formação, sentes que é suficiente?
«Sinto que não tenho formação suficiente e por isso estou com ideias de ir para o Brasil, para apostar mais na formação em representação. Adoro as novelas brasileiras e a forma como eles desenvolvem as histórias e problemáticas da sociedade e quero aprender com eles.»

Qual o papel que preferes Atriz ou Encenadora?
«Atriz, sem dúvida. A coisa que mais gozo me dá é estar em cima do palco.
Aprende-se mais sendo encenadora, mas ser atriz é dar o corpo ao manifesto. Compreender das duas perspetivas acaba por ser uma forma de crescer.
Sendo atriz, podes ser o que tu quiseres. Um dia és enfermeira, outro dia princesa e quando dás por isso já és mendiga. Aprendes imenso sobre o que está á tua volta.»

“Um dia gostava de ser atriz a sério.”

Como chegaste à Viagem Medieval 2012?
«O CIRAC propôs-me apresentar um projeto à organização e acabei por dirigir este espetáculo com o Ricardo Ferreira.»

O que é a MeZcla?
«A MeZcla surge de uma junção de ideias que o CIRAC já tinha, até mesmo de projetos anteriores. Tudo teve por base a conceção de um espetáculo de encerramento, na onda do que os Saltarellus fazem: não tem nada de medieval e tem uma forte carga mítica.
Fizemos pesquisa literária para o integrar ao máximo no contexto da Viagem 2012 e acabamos por encarar D. Sancho I como o povoador, daí os guerreiros e o conceito de união, que mais não é do que o perfeito bem-estar entre diferentes raças.
Acaba por ser um misto de coisas: são criaturas que se geram em casulos; são guerreiros que no início são rivais, mas depois se vão unir. É uma sucessão de ideias… é algo em aberto.»

De onde surgiu o nome?
«Foi uma verdadeira dor de cabeça. Mas acabei por ter esta ideia… e fui ao dicionário. Mescla é a união de duas partes diferentes numa só. Perfeito. Mas queríamos mais. Acabamos por encarar a forte presença espanhola e converter o “s” em “Z” maiúsculo. Pena que este pormenor acabou por ficar perdido nos programas e acabou por ser a Mezcla.»

Quantas pessoas participaram no espetáculo?
«Eram 17 pessoas em palco, mais 1 técnico e 2 encenadores.»

Qual a sensação que ficou?
«É estranho. No geral correu bem, fora uns fogos-de-artifício a mais [sorrisos]. Mas há ideias que não foram bem esclarecidas e/ou entendidas e acabamos por ser vítimas de um “nim”. Foi experiência e deu para aprender muita coisa.»

Foi talvez o projeto mais polémico desta edição. Consegues perceber?
«Do lado do público correu mal. Estávamos no principal cruzamento com a Investida e o nosso público estava ali. Colocaram-se questões de segurança, que se tentaram resolver com a corda e com as limitações de circulação num determinado período, mas bloquearam o acesso ao espetáculo.»

Mas, então, porquê aquele local?
«O nosso projeto inicial era para a escadaria da Matriz, mas acabamos por ser remetidos para outro local e criou-se esta estrutura.»

Projetos futuros, tens?
«Pensar na Terra dos Sonhos e fazer formação no Brasil.»


Texto: Bruno Costa
Coordenação Geral: Bruno Costa e Daniel Vilar

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