terça-feira, 7 de setembro de 2010

CCTAR em dois pólos

O projecto do Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua (CCTAR) de Santa Maria da Feira foi reformulado e surge agora com dois pólos funcionais: um para a concepção de espectáculos e residências artísticas, que será construído numa zona industrial na periferia da cidade; e outro para a realização de eventos artísticos, no centro da Feira, mais precisamente na desactivada pedreira das Penas. O grande edifício que tinha sido projectado para o CCTAR e apresentado numa candidatura a fundos comunitários à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) já não sairá do papel.

Esse prédio de três pisos, com uma parte revestida a cortiça, que incluiria apartamentos para artistas, um salão principal com 800 metros quadrados e uma biblioteca, entre outros espaços, não foi considerado adequado. "No projecto inicial, verificou-se que havia vários constrangimentos, essencialmente tendo por base a sua funcionalidade", adianta a vereadora da Cultura da Câmara da Feira, Cristina Tenreiro. Segundo a vereadora, a nova organização espacial será mais funcional e até mais viável para acolhimento dos eventos que se pretendem realizar no centro artístico. "Chegámos à conclusão de que o ideal seria a construção de dois espaços: um para a realização dos espectáculos; e outro para as residências, construção de materiais e oficinas artísticas. A existência das duas funções no mesmo espaço trazia muitos constrangimentos ao nível da elaboração de projectos", acrescenta a vereadora.

A câmara espera receber até ao final do ano uma resposta à candidatura de apoios comunitários para a construção do CCTAR. "Sempre dissemos que só avançaríamos com esta construção, se ela fosse financiada", lembra Cristina Tenreiro. Neste momento, a autarquia negoceia com a CCDRN as alterações ao projecto.

O que se mantém inalterável é o conceito inicial de congregar a comunidade nacional das artes de rua no mesmo espaço e, em simultâneo, desenvolver trabalhos de várias expressões artísticas com companhias internacionais.

O CCTAR, que será um equipamento único no país, foi concebido para dar expressão e continuidade ao Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira, assegurando a realização de residências nacionais e internacionais de artistas de diferentes áreas e gerações. O inventor do cubo mágico, o húngaro Ernõ Rubik, a companhia catalã La Fura dels Baus e o fotógrafo italiano Oliviero Toscani, autor da mais polémica campanha da Benetton, foram já apresentados como consultores do CCTAR.


@ Público


Vamos por partes. À partida cai o grande projecto, o brutal edifício. Por outro lado parece que se dissipam as dúvidas quanto à funcionalidade... ou talvez MANUTENÇÃO. Acredito que aqui esteja uma das lacunas mais fortes do projecto do arquitecto Bernardo Rodrigues.
Quanto à solução, não discordo de todo... finalmente a solução para o António Lamoso, e com lotação ligeiramente maior, e o Roligo será talvez melhor local para o estaleiro de produções.
Resta-me uma dúvida... e a Pedreira das Penas? Em que ponto fica a recuperação? Será totalmente entregue à Sonae? Terá o projecto do Modelo evoluido para Continente?
Fico a aguardar por renders do novo projecto... fico à espera de novas informações... quanto ao CCTAR, desde que avance com condições dignas, tudo bem... ficam as dúvidas quanto à Pedreira!

Terá faltado uma Capital da Cultura para dar força ao projecto inicial???

6 comentários:

Pedro disse...

Tenho uma proposta: e porque não as residências no Matadouro, fazendo assim o resto da recuperação do edifício, e as ditas oficinas na Zona Industrial do Cavaco! Vantagens? Linha do Vouga a passar a beira onde é preciso investir. trazer utentes para a CP fazer o mesmo neste troço que fez ao troço Aveiro-Águeda! Sendo que o resto seria na pedreira!

Saudações

Bruno Costa disse...

Olá Pedro,
gostei da ideia... se bem que o projecto tem mais a ganhar com o espaço de residências junto ao estaleiro... mas até poderia ser tudo no Cavaco (pavilhões abandonados não faltam). :)

Pedro disse...

Eu sou mais defensor de estar um pouco mais espalhado pela cidade! Sendo que poderiam fazer um auditório junto aos estaleiros! Acho que é necessário salas de espectáculo na cidade e no concelho!

Bruno Costa disse...

Exactamente, mas felizmente os últimos anos têm ditado o aparecimento de um conjunto de salas (dimensão mais reduzida) pelo concelho.
Acredito que a emergência neste momento será a requalificação profunda do António Lamoso... que se diz, off the record, vir com o projecto do CCTAR.
Quanto à sala da periferia da cidade... não precisamos do auditório. Este tipo de conceito baseado nas artes de rua tem uma particularidade, por essa Europa, onde existem casos destes (raros)... o próprio estaleiro poderá ser usado como sala de espectáculos. Um auditório de 700 lugares sentados, como se anuncia, não será capaz de receber grande parte dos projectos, com máquinas e outro tipo de cenografias ou movimentações cénicas... o uso do estaleiro como pavilhão (à semelhança, muito ligeira, da desactivada Toyota Box, em Lisboa) poderá ser a solução... e assim teremos grandes espectáculos espalhados pela cidade.

Voltando ao matadouro... já sabes que adoro aquela localização e o próprio edifício... espero que venha a ser em breve recuperado e com utilidade... mas para o crescimento que o projecto CCTAR teve só se fosse mesmo para espaço de residências artísticas, camaratas, biblioteca, serviços administrativos e workshops... isto obrigaria a 3 pólos... e em termos logísticos a concentração de serviços administrativos e bilheteira no António Lamoso (CCTAR e outros projectos) poderá ser bem mais rentável em termos de futuro. A cultura terá de ser cada vez mais pensada de forma integrada e com menos custos logísticos.

Estou muito curioso e espero ter bem breve novidades concretas... e renders do que se pretende fazer com os tais 2 pólos do CCTAR... e na própria pedreira, que agora parece ficar à mercê de um grande projecto comercial. A ver vamos.

Anónimo disse...

Parece que o PSD mais uma vez enganou os feirenses na campanha eleitoral.
Quem é que vai pagar o custo do projecto para a Pedreira das penas?

É uma Vergonha, desperdicio de dinheiro público!

Bruno Costa disse...

Parece que por estes lados há sempre casos de memória curta... alguém se lembra de como surgiu o projecto do CCTAR? Eu relembro...
No início de 2009, foi lançado um concurso de ideias, do qual sairia uma proposta vencedora, que não quer dizer que fosse o projecto final... haveria concerteza ajustes. Bernardo Rodrigues venceu... e nunca percebi o porque de tanto alarido... talvez alguém "importante" tanha ficado a ver a "artes a passar".

Numa segunda fase seria elaborado o projecto final, com base na proposta, que seria objecto de estudo.

Então, em primeiro temos o QREN atrasado (mais de uma ano) na aprovação de candidaturas, uma crise raras vezes vista... e claro, que ajustes no projecto... mas nunca ninguém disse o contrário.