domingo, 27 de setembro de 2009

"TGV arrasa 116 casas"

Traçado entre Gaia e Oliveira do Bairro prevê construção de 33 pontes e viadutos e de cinco túneis.

A construção da linha do TGV entre Porto e Lisboa condenará à demolição 116 habitações e duas unidades fabris entre Gaia e Oliveira do Bairro. Parte do traçado, cujo estudo está em consulta pública, passará por cima de 25 rios e ribeiras.

Quase metade (52) da casas a derrubar fica nos primeiros 20 quilómetros da linha entre Santa Maria da Feira e Gaia. Aliás, o concelho gaiense - um dos mais urbanizados dos nove municípios atravessados - é o mais afectado, apesar da solução escolhida pelos consultores da COBA (a quem a RAVE encomendou o estudo prévio da ligação de alta velocidade no troço entre Oliveira do Bairro e Gaia) contemplar a construção de três túneis no município: o maior cruzará o centro da cidade rumo à ponte ferroviária de S. João; o segundo fica na zona de Negrelos, entre Canelas e Perosinho, passando por baixo do pólo do Instituto Piaget; e o terceiro é em Casaldeita, em Grijó.

Esta proposta contempla, ainda, os túneis de Cassufas, em Espinho, e de S. João de Loure, em Albergaria-a-Velha. É neste concelho que ficará a única estação do TGV ao longo de 70 quilómetros. Após a partida da estação de Campanhã (Porto), só pára no distrito de Aveiro. A plataforma, paralela à auto-estrada do Norte, ficará próxima do nó da A1 com a A25 e do lugar de Sobreiro.

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Daí que estejam projectados, na solução eleita, 84 restabelecimentos na rede rodoviária através da construção de passagens inferiores e superiores à linha que cruzará 42 freguesias de Gaia, Espinho, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, Ovar, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Aveiro e Oliveira do Bairro. Cerca de 30% da população dos nove concelhos reside nestas freguesias. "No contexto social e económico analisado, as freguesias mais dinâmicas identificam-se na influência metropolitana do Porto, enquanto as menos dinâmicas se localizam na zona Sul da área do estudo", pode ler-se no resumo não técnico do estudo, consultado pelo JN.

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Os consultores concluem que o traçado é ambientalmente viável, apesar de "colidir pontualmente com áreas de conservação da natureza", em particular a Zona de Protecção Especial para aves da Ria da Aveiro, e "dado que não foi possível identificar alternativas viáveis que evitassem o seu atravessamento". Então, recomendam medidas de minimização dos impactos que, aliás, não são só negativos. Entre os impactos positivos (ler ficha), destaca-se a diminuição dos tempo de percurso por ferrovia entre Porto e Lisboa de três para uma hora e meia e a redução da sinistralidade rodoviária "pela potencial transferência de tráfego e sua diminuição" nas principais auto-estradas nacionais, como a A1 e a A29.

@ JN

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