sexta-feira, 1 de maio de 2009

SMF - Capital Europeia da Cultura


Depois de muito tempo de espera e alguns acenos afirmativos acrescidos de uma certa inquietação e curiosidade quanto à viabilidade do projecto, especialmente a baixo custo, resolvi voltar a propor soluções. Este post apresenta um esquema muito básico do programa principal do projecto Santa Maria da Feira Capital Europeia da Cultura, assente em alguns pressupostos básicos. São eles:
- mínimo custo possível;
- utilização e optimização de recursos existentes;
- mostrar a cultura que temos e não o que outros querem que mostremos;
- retrospectiva histórica do concelho;
- tirar partido da visibilidade para maior dinamização e promoção dos grandes eventos habituais;
- dar voz aos feirenses;
- e completar tudo isto com uma dúzia de projectos externos de grande impacto (logicamente para cativar atenções para tudo o resto).

A temática seria muito básica: Tradição/Modernidade – Passado, Presente e Futuro das Terras de Santa Maria. Com base nisto seria possível encaixar toda a dinâmica em funcionamento e organiza-la em torno de um projecto de maior envergadura.

Como uma Capital da Cultura serve para mostrar a cultura que produzimos e não a cultura de outros, as infra-estruturas da Feira serão mais do que suficientes. Numa cidade/concelho em que as artes de rua são o centro das atenções, a rua será também rainha de um projecto desta natureza. De qualquer forma, e para que não restem dúvidas da capacidade, deixo também a listagem dos principais locais de espectáculos fechados do projecto.

- Pavilhão do Europarque (até 12.000 pessoas/8.000 lugares sentados)
- Grande Auditório do Europarque (1.400 lugares sentados)
- Cine Teatro António Lamoso (625 lugares sentados)
- Salão Principal do CCTAR (500 lugares sentados)
- Auditório da Biblioteca Municipal (250 lugares sentados)
- Pequeno Auditório do CCTAR (150 lugares sentados)
- Salão Nobre do Castelo da Feira
- Sala Polivalente do Convento dos Lóios (antigo Teatro D. Fernando)
- Salão Nobre do Paço dos Condes de Fijô (Orfeão da Feira)

O projecto necessita apenas da concretização do Centro para a Criação em Teatro e Artes de Rua (CCTAR), que já se encontra em fase de projecto. Como obra em inauguração sugeria a construção do tão desejado Museu da Indústria Corticeira, em Lourosa.

O programa centrar-se-ia num grande tema mensal, sobre o qual recairia a temática da programação principal e num conjunto de eventos paralelos, que já compõem a programação habitual do concelho, embora tudo seja alvo de divulgação especial.
Como complemento deveriam ser divulgados eventos de concelhos vizinhos (Carnaval de Ovar, Feira de Março, Fantasporto, Recriações do Convento de Arouca, Cinanima,...). Sugeria uma sugestão mensal de um projecto de municípios vizinhos. Nesse mês seria esse município alvo de acções mais dirigidas de divulgação nos meios oficiais da Capital da Cultura.

JANEIRO
S. Sebastião/Fogaceiras
A abertura da Capital da Cultura faz-se em grande. A mais antiga festividade das Terras de Santa Maria merece destaque. Em mês de Festa das Fogaceiras, toda a programação se centra figura de S. Sebastião, da Fogaça e das Fogaceiras.
- Concerto 3 Orquestras (Orquestra de Jovens SMF + Orquestra de renome Nacional + Orquestra Internacional);
- Projectos de animação centrados na temática;
- Peça de teatro sobre as Fogaceiras (1 semana de exibição).

FEVEREIRO
Cortiça
- Inauguração do Museu da Indústria Corticeira;
- Exposição de máquinas e fotografias descritiva da história desta indústria;
- Concerto Homenagem;
- Peça de teatro sobre a Cortiça (1 semana de exibição).

MARÇO
O Tempo de Cristo/Império Romano
- Semana Santa e as habituais recriações;
- Forte aposta na cenografia;
- Concertos Requiem e de Coros;
- Temática dos Castros de Romariz e Fiães (Concertos/Exposições).

ABRIL
O Tempo de Napoleão
- Invasões Francesas (Recriação);
- Exposição de Grande Dimensão;
- Concertos;
- Peça de Teatro (1 semana de exibição).

MAIO
As Artes estão na RUA
- Imaginarius (4 dias);
- Mais Imaginarius (3 semanas);
- Grande Projecto de Tenda com exibição de 2/3 semanas (ex. Cirque du Soleil);
- Projectos Imaginarius;
- Workshops;
- Exposições.
Novos conceitos associados ao Imaginarius... sugestões que podem avançar mesmo sem Capital da Cultura:

- Parque Imaginarius
Apropriação do conceito Terra dos Sonhos para o Imaginarius. Instalação do Parque Imaginarius durante 3 semanas da Quinta do Castelo. Projecto com eventual continuação: a cada ano, uma companhia de transformação urbana seria responsável pela mutação da quinta, com instalação de estruturas ou insufláveis. A equipa de animação local destacada para a Terra dos Sonhos seria perfeitamente capaz de povoar este espaço imaginário e dar-lhe vida. Projecto com bilheteira.

- by Imaginarius
Realização esporádica de espectáculos de rua ao longo de todo o ano, com a marca Imaginarius.

- Imaginarius @ nigth
Dinamização das noites de sexta e sábado do festival (madrugada) com projectos de música e animação na rua. Projecto de “competição” entre bares. Cada “casa” da noite tem um espaço na cidade com música, luz e animação... o objectivo é dar o melhor para conquistar o prémio Imaginarius. A animação tem inicio com o final dos espectáculos.

- Imaginarius das Escolas
Dedicar um dia do Imaginarius (quinta ou sexta) às escolas do concelho. Durante todo o dia eles são os actores e o público. O objectivo seria trazer “toda” a comunidade escolar do concelho para a rua.

JUNHO
Artesanato/Papel
Um mês dedicado ao artesanato e ofícios tradicionais.
- Exposições;
- Workshops;
- Feira de Artesanato Regional;
- Grande destaque ao Museu do Papel;
- Festa Europeia da Música com grande impacto de instrumentos tradicionais;
- Festival Folclórico do Castelo.

JULHO
As Estórias da História do Castelo
Em 4 semanas toda a história do local onde, hoje, se ergue o Castelo da Feira.
- Exposições;
- Concertos;
- Recriações;
- Palestras.

AGOSTO
A Idade Média
- Viagem Medieval (Maior aposta na qualidade e rigor histórico, dando maior importância à cenografia).
Continuar a inovação em áreas temáticas... deixo algumas sugestões, sobre as quais reservo pormenores e que podem avançar mesmo sem a Capital:
- Rua de Santa Maria (quotidiano urbano);
- Torre de Vigia;
- Palácio (zona de workshops de danças medievais);
- Praça de Santa Maria (centro nevrálgico da animação);
- Porta do Burgo (auxílio cenográfico como contributo para melhor definir os contornos do burgo relativamente a espaço militar e externo);
- aposta na infância (Quinta do Castelo).

SETEMBRO
O Futuro à Espreita
Mês dedicado à Juventude, com o Festival da Juventude como prato forte.
- Festival da Juventude;
- Música/Teatro/Workshops (com jovens a subir ao palco).

OUTUBRO
Teatro
O Encontro de Teatro do CIRAC é o ponto de partida para um mês dedicado ao teatro.
- Encontro de Teatro Paços de Brandão;
- 3/4 peças em estreia;
- Aposta na formação;
- Exposição historial do teatro na região.

NOVEMBRO
Cinema
Fest a abrir e Luso Brasileiro a fechar. Os dois festivais de cinema da Feira unem-se para dar mais vida à sétima arte na Capital da Cultura.
- FEST – Festival de Cinema Jovem;
- Festival de Cinema Luso Brasileiro;
- Exposições interactivas;
- Concertos (bandas sonoras);
- Estreias Mundiais;
- Rodagem de Filme.

DEZEMBRO
O Mundo é das Crianças
A capital da cultura fecha onde tudo começa... na infância.
- Terra dos Sonhos;
- Animação paralela à Terra dos Sonhos;
- Musical original (2 semanas exibição);
- Concertos;
- Teatro;
- Exposições de temática infantil.

Depois de tudo isto resta-me reflectir na data. Uma vez que em 2012 Portugal terá uma Capital da Cultura (Guimarães) e como tudo isto leva tempo a preparar, sugiro 2015/2016 como datas para uma eventual candidatura, sendo que a mesma deverá desde já ser preparada, para que dentro de 1/2 anos possa ser apresentada à Comissão.

ACTUALIZAÇÃO:
Embora acredite que seja um pouco cedo, especialmente por causa de Guimarães 2012, 2014 seria ano com motivo extra para a Capital: as Comemorações dos 600 anos do Foral da Vila da Feira .

13 comentários:

Carlos Sousa SJM disse...

Desde já os parabéns pelo esquiço do que poderá ser SMF capital europeia da cultura. Agora é preciso passar a projecto…

Shrek disse...

Viva caro "colega blogger".Puxando pela minha costela descentralizadora... Porque razão aparece o europarque, por exemplo, que é fora da freguesia de Santa Maria da Feira e não aparece o Auditório da Tuna musical Mozelense que tem cerca de 350 lugares sentados?
Cumprimentos

Ângelo Miguel Magalhães Cardoso disse...

Meus Caros Bloguistas,

Já agora podia ser o Carnaval das Termas, e porque não juntar a festa do Doce.
Será que tem de ser tudo em Santa Maria da Feira (cidade). É não esquecer que podia-se fazer visitas às Termas, bem como preparar exposições e Workshops.
Para terminar, porque não construir uma unidade hoteleira para apoio?
Fora isto está muito bem apresentado o teu programa. Muitos parabéns pela informação sempre em primeira-mão.

P.S. Ainda não ouvi falares do novo Cash and Carry, que vai abrir em Santa Maria da Feira.

Bruno Costa disse...

Bem, vamos por partes...

Shrek,
Quanto à lista de locais que apresento, destinam-se à programação principal, que fiz questão de frisar. A ideia seria mesmo envolver todo o concelho e todos os espaços, comotambém descrevo muito sucintamente.

O conceito que deixei baseia-se num tema mensal para a programação principal... essa, especialmente por questões de acessibilidades e público envolvido terão necessariamente de se concentrar na cidade (da qual Espargo também faz parte, lol). E em paralelo dar destaque aos outros eventos do concelho, sejam projectos de colectividades, associações, particulares... o objectivo seria mostrar tudo. E aí sim, o auditório da Tuna de Mozelos, o Auditório de Lourosa, Lamas, Paços de Brandão,..., seriam de grande utilidade, também numa perspectiva de aproximação.

Quanto às Caldas... nem Carnaval, nem Festival Doce se enquadram nos temas mensais que apresentei, mas não será caso para excluir da programação complementar que se revela também de grande importância... e quando falo em dar destaque a alguns eventos de municípios vizinhos, antes disso todos os da Feira (concelho) terão já sido explorados ao máximo.

Para terminar relembrar só que isto é um esquema muito básico de uma eventual programação principal (mais centrada na cidade, mas não só), que terá de ser obrigatoriamente complementada com todos os outros eventos do concelho, incluindo festividades tradicionais, assim como alguns destaques regionais... só com a força das 31 freguesias o projecto será viável!!!!!

Quanto ao Cash and Carry... já ouvi falar do assunto e da considerável área envolvida (2000+4000+800), assim como da, diria, improvável localização (Vila Nova)... aguardo pelas novidades oficiais do "Novo Cash and Carry 2".

Bruno Pinho disse...

Tem pernas para andar... ha arestas a limar, mas para isso servem os dois anos até se apresentar o projecto... Muito bem BC23, excelente trabalho.

QuercusSuber disse...

Já tens estimativas dos custos?, é que sonha-se sempre muito alto e depois não se falam nos custos, é importante falar-se disso e saber se é comportável, pois mesmo tendo em conta que muitas das actividades serão já habituais, há que lembrar que estamos a atravessar uma crise e onde será importante reduzir alguns custos menos importantes.
Para que não me acusem de "deita abaixo", eu até acho interessante este projecto, mas vamos sonhar com pés assentes na terra!

sou de lourosa lol disse...

deixem se de ideias estupidas... acham boa ideia isso? e se juntassem os trocos para coisas que realmente sao precisas??
porque nao requalificar as ruas deste concelho?? pois as da feira (cidade) sao boas... e as das restantes frequesias!?

Bruno Costa disse...

QuercusSuber, para já tudo isto não passa de um esquisso que poderá ou não ser apresentado a quem de direito para se transformar num projecto, esse sim com estudos concretos de viabilidade financeira. Mas acho que à partida esclareci tudo com o primeiro princípio desta ideia... «- mínimo custo possível;». Por outro lado tudo isto só poderá ser real lá para 2016/2017... espero que a crise já vá bem longe!!!! :P
No que toca realmente a custos:
1) o grosso do projecto baseia-se em eventos actuais, complementados com um ou outro projecto de relevo e reforço de projectos de menor envergadura (a grande maioria nas freguesias), ou seja custos não muito superiores... apenas com acréscimo dos projectos impacto como hoje me apetece chamar-lhes;
2) desengane-se quem pensa que se pode projectar uma capital da cultura com 100% entradas gratuitas... bem, isso até será real para os projectos de rua, mas os destaques de sala e eventualmente grandes projectos de rua em pavilhão (ao jeito do que os La Fura irão fazer este ano no Imaginarius) terão logicamente cobrança de bilheteira;
3) por último talvez o mais importante... a Feira não conseguiu até hoje grande impacto de sponsors... a Capital da Cultura e a visibilidade podem mudar muita coisa, mas é preciso também alterar alguns preconceitos internos (ex. bloqueio à publicidade no interior do recinto da Viagem... que finalmente no ano passado foi furado e com isso se conseguiu que a Unicer pagasse a nova cenografia da Liça... há que jogar muito mais com isso... e tudo é possível, só é preciso querer e trabalhar para lutar por esse objectivo).

Até hoje a Feira nunca desiludiu nesta área (pelo menos em grande plano), daí que considero que seja absolutamente possível:
- completar este esquisso e torna-lo muito forte
- lutar com a "concorrência" e conquistar o título
- e por fim levar para a frente um projecto com grande sucesso

Quanto às ideias estúpidas de que fala, "sou de lourosa", já pensou que um projecto de grande impacto pode ser a solução para a cegueira de Lisboa relativamente à Feira... e mais não digo! :)

Mafalda disse...

Adorei o teu esquisso. Mesmo. Mesmo.

Mas...
1. pelo menos para mim, as capitais europeias de cultura são sinónimo de coisa mal amanhada e sem grande projecção - para a Feira conseguir a projecção de que falas - tinha que ser uma coisa mesmo em grande - para ser em grande é preciso $$$$ - é lírico pensar que se faz um evento com impacto nacional sem $$$ - neste momento e até 2016/2017 - é preciso investir em coisas básicas que a feira ainda não tem.

2. Eu sugeria, porque adoro o teu esquisso, começar a treinar isto em ponto pequeno. Investirmos $$$ na educação das crianças e jovens deste concelho - e em 2016/2017 apresentar candidatura a sério.

Parabéns!

Bruno Costa disse...

Bem, a julgar pelo Porto 2001 foi mesmo mal amanhado!!!! :P Mas não tem necessariamente de ser assim... é levantar os ânimos: temos capacidade para fazer melhor!!!

Quanto às crianças e jovens... espero que não seja preciso uma capital da Cultura para se continuar a evoluir na educação!

Anónimo disse...

Que tristeza, meus amigos.
Não sabem que o título de Capital Europeia da Cultura é atribuído pela União Europeia e que esta acção comunitária termina em 2019? Não sabem que em cada ano há dois países que assumem o título e que existe uma lista que ordena os Estados-membros? Portugal não volta a ter essa honra: Guimarães'2012 é a sua última experiência. Lamento informar...
Será melhor sonharem com a Capital Nacional da Cultura, se é que o programa vai continuar

Bruno Costa disse...

"Lamento" informar que GMR será a última cidade por "candidatura"/nomeação governamental, mas em paralelo e para além das 2 cidades previstas anualmente, qq outra pode apresentar candidaturas e sendo o projecto aprovado receberá também o título...

Anónimo 2 disse...

Caro bc23
Não quero ser desmancha prazeres, mas não é como dizes.
Basta ires ao site da Comissão Europeia e percebes que, a partir de 2013 (Marselha e Kosice), a atribuição de faz por sistema rotativo, sendo que Portugal só voltará a ter uma CEC treze anos depois da próxima (Guimarães 2012).
Mas o importante é haver uma visão e uma estratégia.
Os títulos, embora importantes, não são tudo.