domingo, 13 de abril de 2008

Estudantes Feirenses ameaçam sair à rua

Realmente já chega! Décadas se vão passando e as carências são as mesmas... talvez não: são cada vez mais graves. A sobrelotação e a falta de condições das escolas da cidade há muito que atingiu o limite, mas ninguém parece estar disposto a resolver o problema. Há quase 10 anos o Ministro da Educação, de então, numa visita à Escola Secundária da Feira prometia uma nova Escola Secundária para a cidade... até hoje nada! Nem projecto!
Ao nível do Ensino Básico o panorama é o mesmo. Há anos que se fala na requalificação e expansão da Fernando Pessoa e na expansão da Ferreira de Almeida e até hoje nada! Nem projectos!
Pelo que se sabe a DREN está disposta a avançar a breve prazo com uma nova Escola EB 2,3 na cidade (junto ao Lar de São Nicolau), mas a obra peca por tardia... e quanto à Secundária? Ficou de fora da primeira "ronda" de requalificação de Escolas Secundárias. Anuncia-se para 2009 o início do projecto de expansão... será que alguém acredita? É preciso ver para crer! Quanto à nova Escola Secundária... parece ter morrido no esquecimento das palavras de alguns governantes. Já é tempo do poder local se fazer ouvir!

Dizem que a paciência tem limites e que, ainda, ninguém os levou a sério, depois de levantarem uma série de carências da Escola Secundária de Santa Maria da Feira.
Depois de exporem as suas preocupações ao Conselho Executivo, ao pelouro da educação da Câmara da Feira, até à DREN, os estudantes admitem endurecer a luta, para que sejam efectuadas obras no estabelecimento de ensino. Patric Figueiredo, vice-presidente da Associação de Estudantes, solta uma convicção ao Correio da Feira. "Temos esperança que consigamos resolver os problemas pela via do diálogo, mas já enviamos as nossas preocupações às entidades mencionadas e levamos com, absoluto, silêncio em cima! Se continuarem com esta política de não ouvirem a parte mais interessada, os alunos, se empurrarem as responsabilidades uns para os outros então viremos para a rua".
Os jovens têm, já, ideias claras do que poderão fazer. "Numa quarta-feira, de manhã, da última semana de período, sairemos às ruas da Feira e faremos uma marcha de protesto até ao pelouro da educação da Câmara da Feira. Aí vão aperceber-se que os alunos têm que ser ouvidos, porque é o nosso futuro que está em causa e os políticos servem para escutar as populações. As escolas são feitas para os alunos e a nossa precisa de obras, urgentemente, para além da necessidade absoluta de uma outra escola, porque a sobrelotação na nossa é evidente, já com 62 turmas, quando foi projectada para 42!" ressalva Patric Figueiredo, em ideias que são corroboradas por António Pedro Giro, presidente da Associação de Estudantes da Secundária da Feira.
A associação que representa os estudantes não tem dúvidas de uma grande capacidade de mobilização, para uma acção de protesto, pelas ruas da Feira. "Seguramente, conseguiremos mais de 1000 alunos na rua, porque a indignação é generalizada e são muitos os jovens que vêm ter connosco para que façamos algo, porque estão fartos dos balneários que temos, das condições horríveis no Inverno, do problema de existirem turmas a mais a salas a menos", preconiza.
"Passa para o exterior a ideia que nada se faz. Temos falado com muita gente, inclusivamente com os professores, que já perceberam a dimensão do problema e haverá uma grande mobilização estudantil".
Dizem-se atentos e preocupados. Fizeram este trabalho, porque gostam da escola onde estudam e gostariam de ver a Secundária da Feira com condições mínimas. Elas e eles são estudantes, da associação que representa a jovem corrente feirense, que aproveitou a presença de Francisco Louçã, para pedir uma intervenção, efectiva, do Bloco de Esquerda, na Assembleia da República.
"Para além do problema da sobrelotação, que já é por todos conhecido, as condições higiénicas são deficientes". No Inverno, relata a associação de estudantes, é "humanamente, impossível tomar banho depois de uma aula de Educação Física. Tal é a corrente de ar, tal é o frio que, aquilo que deveria ser higiénico, torna-se um convite à constipação ou, mesmo, à febre".
A "noção da realidade", foi com estas palavras que os jovens da Secundária feirense iniciaram o trabalho de levantamento em relação às necessidades do estabelecimento de ensino e que foi entregue ao grupo parlamentar do Bloco de Esquerda. "Todos os cobertos da escola contêm amianto. Ora, todos sabemos que substância constitui um perigo, através da sua inalação, logo não é necessário ter um contacto directo com o amianto para que o risco cancerígeno seja elevado", ressalvam, com evidente preocupação.
"Balneários encharcados, piso molhado. A água, raramente, é quente, os balneários não têm condições, as casas de banhos são repugnantes. As condições são deficientes", critica Patric Figueiredo.
"A escola foi projectada para albergar 42 turmas, mas já vai em 62! Vimos salas de apoio aos alunos, das disciplinas de Português, Matemática, Físico-Química repentinamente a fecharem, com maior frequência. Uma vez que já se lecciona Matemática em salas de TIC, estas salas de apoio também tiveram que ser cedidas. As salas de aula estão sem condições e desadequadas. As turmas são, demasiadamente, grandes, o que dificulta a aprendizagem", resume a associação de estudantes.
"Já nos acusaram de alarmismo, mas tudo continua na mesma, depois de termos tido as rádios nacionais na escola, a visita dos deputados do Bloco de Esquerda. Mesmo em relação às duas situações mais graves, a sobrelotação e os balneários a cair de podre, dizem-nos que temos razão, mas, de concreto, nada se faz".
"O tempo passa e a escola está a deteriorar-se, por completo. Há que tirar, por exemplo, os cursos profissionais da escola e avançar com uma outra escola", conclui Patric Figueiredo, vice-presidente da Associação de Estudantes da Secundária de Santa Maria da Feira.

in Correio da Feira


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